quarta-feira, 29 de abril de 2015

As vanguardistas do véu

Youtube/Reprodução
  Por Ingrid Cordeiro

   A junção entre o novo e o antigo com uma pitada de moda, styling, música e arte. Essas são as Mipzterz, mulheres muçulmanas, em sua maioria americanas, as quais resolveram dizer ao mundo que religião não precisa ser sinônimo de opressão. Muito pelo contrário, a tentativa é mostrar que a cultura tradicional pode sim se integrar ao mundo globalizado, numa mistura única entre mundos aparentemente distintos.
   A lei islâmica diz que a mulher seguidora da fé propagada pelo profeta Mohamed precisa se vestir de modo que não incite a sua sexualidade. Calças folgadas, roupas monocromáticas e o hijab, véu utilizado pelas mais novas e que cobre essencialmente o cabelo, fazem parte das vestimentas exigidas pela cultura muçulmana. Esse modo de se vestir tem sido encarado como algo retrógrado pela sociedade ocidental, a qual vê as mulheres seguidoras do islamismo como oprimidas por sua cultura.

   O que as Mipzters (palavra em inglês que em tradução livre significa muçulmanas hipsters) querem mostrar é que o véu, além do sentido religioso e cultural, pode adquirir um significado mais global, integrado ao mundo moderno, assim como a própria religião islâmica. Em sua maioria, são blogueiras de um segmento da moda ainda pouco difundida no ocidente. Apesar de a vestimenta ser o carro chefe desse movimento, ele é bem mais abrangente: música, arte, estilo de vida e pensamento crítico, são alguns aspectos também pensados pelas Mipzters.
   O movimento nasceu, com esse nome, nos Estados Unidos, mais ou menos após a divulgação de um vídeo de uma agência de modelos direcionada a esse público. No entanto, jovens muçulmanas, no mundo todo, isoladamente, já apresentavam características as quais uniam o mundo ocidental ao oriental. O Irã, um país de maioria xiita e de características bastante conservadoras, viu entre regimes rígidos e outros mais liberais, nascer espontaneamente entre as mulheres essa tentativa de unir tradição e modernidade. Desde roupas mais justas a Hijabs que não cobrem todo o rosto, as iranianas já começaram uma revolução no próprio país – apesar da polícia moral ainda atuar em vários casos. No começo deste ano, Teerã recebeu o seu primeiro Fashion Week, totalmente produzido por estilistas vanguardistas.
   São os novos tempos, onde a soma das diferenças soa melhor do que a exclusão.

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