quinta-feira, 7 de maio de 2015

Hip Hop de olhos puxados


A música tem o poder de transcender barreiras físicas. É um instrumento de propagação e mistura de culturas, levando costumes e estilos diferentes de um recanto a outro do mundo, literalmente. O hip hop nasceu nos guetos americanos na década de 70 como representação da resistência negra no país e transformou-se em um cultural global, que envolve música, dança, vestimentas e representantes de impacto como os rappers Jay Z e Kanye West. O hip hop atravessou o oceano e encantou os japoneses, ao ponto de surgirem tribos como os B-Stylers: japoneses que idolatram a cultura do hip hop e têm fascínio por parecerem com os negros americanos (Jade Vilar).

B-Stylers:
A nova tribo no Japão que sonha em ser negra


Black for Life é o slogan da loja Baby Shoop, em Tóquio, que vende produtos como “um tributo à cultura Black: música, moda e estilo de dança”. É assim que a proprietária, Hina, descreveu seu empreendimento para a fotógrafa holandesa Desiré van den Berg, em entrevista para a Vice Magazine, que passou os últimos sete meses viajando pela Ásia. Hina faz parte de uma nova tribo chamada B-Style (originada das palavras Black e Lifestyle), que é tão fissurada pela cultura hip hop norte-americana ao ponto de fazer tudo para parecer a mais afro-americana possível.

Garotas como Hina costumam ir a clínicas de bronzeamento artificial para escurecerem a pele. Mesmo quando não passam pelas sessões, usam bases escuras. Outra característica estética dos b-stylers é o amor pela música hip-hop e a ida frequente a salões de beleza localizados no gueto de Tóquio para trançar ou escovar o cabelo – tudo para ficar com o penteado mais afro.
No objetivo de ficar com os olhos maiores do que os puxadinhos orientais, os b-stylers usam lentes de contato coloridas, mais claras do que o castanho, e o resultado é semelhante ao alcançado pelas Garotas de Harajuku, artistas visuais conhecidas na cultura pop japonesa.
Por mais que no Japão o estereótipo dos afro-americanos seja considerado errado, os b-stylers não se importam com isso. Os pais e familiares dessa nova tribo também não se incomodam – quer dizer, alguns acham que seus filhos estão passando apenas por uma fase. Ainda assim, ainda há poucos b-stylers espalhados por Tóquio. Eles encontram-se em eventos pequenos para dançar break, hip-hop ou R&B. Como define a própria fotógrafa responsável pelo ensaio na entrevista da Vice, “não é uma coisa mainstream, e talvez ainda seja pequena demais para chamar de subcultura”.


Escrito por Igor Zahir – Repórter online da revista Glamour.

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