quinta-feira, 16 de abril de 2015

Sob a pele: a tatuagem e seus simbolismos

Por Jade Vilar

   Não se sabe ao certo quando o ritual de tatuar o próprio corpo foi incorporado às tradições humanas. Entre 2.160 a.C e 1994 a.C múmias de mulheres egípcias foram encontradas com inscrições e desenhos na região abdominal. O Homem do Gelo, como ficou conhecida a múmia com cerca de 5.500 anos, achada em 1991 nos Alpes, já possuía traços azulados desenhados em sua pele e pode ter sido um dos mais antigos registros encontrados da tatuagem no mundo. Tribos indígenas, como o povo waujá e os kadiwéu, utilizavam a técnica para simbolizar rituais de passagem e homenagear seus deuses. Até que, em 718 d.C, em uma época marcada pela total dominação da igreja católica, na sociedade europeia principalmente, o papa Adriano I proibiu o povo de se tatuar sob a alegação de tratar-se de práticas demoníacas.
  
A tatuagem começou a se difundir novamente de forma mais marcante pelo ocidente, quando o capitão inglês James Cook em expedição na Polinésia, notou a existência do ritual de se tatuar nos nativos e passou a difundir a técnica e o nome “Tatoo” nos locais por onde passava. Porém, como os marinheiros eram uma classe subjugada pelas elites da sociedade, as tatuagens ficaram reclusas aos frequentadores dos guetos e prostíbulos das cidades, fato que levou a polícia inglesa a adotar a identificação dos criminosos através de suas tatuagens.

   Todo esse processo histórico levou a tatuagem a assumir a conotação social que hoje ela possui. Nas sociedades ocidentais, apesar de alguns importantes progressos conquistados, os desenhos na pele ainda são em grande parte associados aos transgressores, aos que não se encaixam nos padrões estabelecidos como ideais. Na contramão da situação de muitas sociedades orientais, como a hinduísta, em que a tatuagem é vista como ornamento de beleza e símbolo de espiritualidade. Modificar a pele de forma permanente transformou-se em uma vertente de expressão das subjetividades de cada sociedade em que a técnica está inserida, e seu simbolismo social depende de forma intrínseca da cultura local. 


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