Por Nayla Georgia
Sons idílicos da natureza descortinam
o início de Marambiré, como que a
convidar o espectador a imergir no cenário bucólico que se segue: um pescador,
solitário em seu barco, exercendo o ofício de seus pais e avós. Essa cena, tão
simbólica quanto taciturna, no entanto, é abruptamente cortada por um coro
animado de vozes, acompanhado de uma percussão energética em procissão - um
recorte vivo de uma comunidade quilombola cujo histórico de resistência significa
celebrar a vida a despeito das adversidades.
Marambiré é uma dança religiosa de
matriz africana, gestada por séculos de sincretismo religioso. O documentário
dirigido por André dos Santos se estrutura em torno de entrevistas. Ora com
figuras-chave do movimento - que didaticamente explicam o passo-a-passo da
realização da festa do marambiré -; ora com acadêmicos que ajudam a esclarecer
fatos controvertidos, a exemplo do significado etimológico de
"marambiré".