Por Sara
Formiga
Quando alguém digita “diversidade cultural” no Google, logo aparecem imagens de pessoas de diferentes etnias de mãos dadas ou fazendo algo
juntos. É óbvio que cada etnia possui uma cultura, entretanto, a diversidade
cultural não se resume a cabelos ruivos, cabelos crespos ou olhos
puxados. Um filho de japonês nascido no Brasil, por exemplo, tem uma cultura
muito mais estreita com um brasileiro, filho de brasileiros, do que com um
japonês nascido no Japão. Dessa forma, fica claro que a formação cultural de
qualquer ser humano, e consequentemente sua cosmovisão, está muito mais
relacionada com a construção e o desenvolvimento de ideias do indivíduo do que
propriamente com sua origem primária.
Lidar com as diversidades culturais vai muito além de roupas, línguas e outras produções culturais, e nos ajuda a compreender aspectos muito mais subjetivos dos seres humanos. A cultura de um indivíduo se reflete na sua maneira de definir o certo e o errado, de ver o tempo, de padronizar sentimentos, de apreciar sabores e até mesmo de encarar as situações da vida.
Para um inglês atrasos são quase imperdoáveis, para um coreano a
distância de contato entre duas pessoas é muito mais distante do que a da
concepção de um brasileiro; para os filipinos comer balut (embrião de pato fertilizado cozido na casca) lhes dá grande
satisfação; para os cristãos protestantes da Alemanha, beber cerveja é a coisa
mais normal do mundo.
São nesses detalhes do dia a dia que
a disposição de conviver tolerantemente com as diversidades dos seres humanos
ganha consistência. É na necessidade de compreender e ser compreendido que se
concebe o conceito de que “nosso jeito” é apenas “nosso jeito”, de que a
diferença é um conceito de mão-dupla. A minha normalidade gera estranhamento no
outro, e normalidade do outro gera estranhamento em mim.
A quebra de estereótipos e
preconceitos é resultado de uma observação sobre nós mesmos quando somos
deparados com o diferente. É importante que sujam os “quês” e “porquês”.
Questionar a si mesmo é o princípio para tolerância. É quando simplesmente
compreendemos que não existem diversidades, como algo distante, mas que somos
todos diversidade.
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