segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Diversidade cultural nas histórias em quadrinhos

Quando a Marvel anunciou, em janeiro deste ano, na Marvel Now (um reboot nas suas publicações de histórias em quadrinhos), que a super-heroína Miss Marvel seria muçulmana um enorme burburinho se formou. Essa mudança na personagem já conhecida e consolidada da Casa das Ideias traz para dentro do mundo dos super-heróis maior diversidade cultural.
Nos super-heróis também eram vigentes os padrões regidos pela sociedade. Diferente das linhas mais cults de publicação (como Vertigo, quadrinhos europeus, etc.), as grandes editoras, como Marvel e DC Comics, sempre apresentaram personagens com certo grupo de características que não incentivava a diferença racial, cultural ou até mesmo de gênero. Os quadrinhos como um produto típico da cultura de massa causam um grande impacto dentro do imaginário social. Os super-heróis como seres do bem, que sempre estão à disposição para salvar as pessoas, desenhados, apenas, com características sociais e culturais no padrão estadunisense, fazem a sociedade acreditar, mesmo inconscientemente, que só eles podem ser dotados de tanta bondade.
No entanto, esse padrão engessado dos super-heróis vem sendo repensando, dentro da Marvel, desde a década de 60, quando, aos poucos, os super-heróis foram se tornando cada vez mais humanizados e diversificados culturalmente. Com isso, os alter egos (identidades secretas) começaram a completar a histórias e seus conflitos ganharam a mesma importância das batalhas, quebrando, assim, o mito do herói até então vigente. Eles, a partir de então, não eram apenas fortes, indestrutíveis, honestos, altruístas, assexuados e justos. Passaram a enfrentar problemas reais, origens mais palpáveis e a representar o leitor.

 Na década de 60 foi introduzida dentro dos X-Men a personagem feminina, forte, negra e descendente de sacerdotisas africanas: Tempestade. Sua história se passou durante muito tempo no Quênia, quebrando o típico cenário estadunidense.

 

Foi também nos anos 60 que a Marvel lançou o Pantera Negra. Personagem negro e príncipe de Wakanda, um país fictício da África. O boom causado pelo super-herói foi ainda maior porque ele possuía uma revista só sua, enquanto a Tempestade fazia parte do grupo de mutantes, X-Men.
A diversidade cultural nas histórias em quadrinhos, além de uma estratégia de marketing; pois abrange uma quantidade maior de consumidores que buscam uma identificação nas histórias, é de grande importância para a mudança do imaginário social. Crianças que crescem lendo histórias em quadrinhos em que uma muçulmana é heroína possivelmente serão adultos mais tolerantes em relação à diversidade cultural. (Bárbara Santos)


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