Quando a Marvel anunciou, em janeiro
deste ano, na Marvel Now (um reboot nas suas publicações de histórias em
quadrinhos), que a super-heroína Miss Marvel seria muçulmana um enorme burburinho
se formou. Essa mudança na personagem já conhecida e consolidada da Casa das
Ideias traz para dentro do mundo dos super-heróis maior diversidade cultural.
Nos super-heróis também eram vigentes
os padrões regidos pela sociedade. Diferente das linhas mais cults de
publicação (como Vertigo, quadrinhos europeus, etc.), as grandes editoras, como
Marvel e DC Comics, sempre apresentaram personagens com certo grupo de
características que não incentivava a diferença racial, cultural ou até mesmo
de gênero. Os quadrinhos como um produto típico da cultura de massa causam um
grande impacto dentro do imaginário social. Os super-heróis como seres do bem,
que sempre estão à disposição para salvar as pessoas, desenhados, apenas, com
características sociais e culturais no padrão estadunisense, fazem a sociedade
acreditar, mesmo inconscientemente, que só eles podem ser dotados de tanta
bondade.
No entanto, esse padrão engessado dos
super-heróis vem sendo repensando, dentro da Marvel, desde a década de 60,
quando, aos poucos, os super-heróis foram se tornando cada vez mais humanizados
e diversificados culturalmente. Com isso, os alter egos (identidades secretas)
começaram a completar a histórias e seus conflitos ganharam a mesma importância
das batalhas, quebrando, assim, o mito do herói até então vigente. Eles, a
partir de então, não eram apenas fortes, indestrutíveis, honestos, altruístas,
assexuados e justos. Passaram a enfrentar problemas reais, origens mais
palpáveis e a representar o leitor.
Foi também nos anos 60 que a Marvel
lançou o Pantera Negra. Personagem negro e príncipe de Wakanda, um país fictício
da África. O boom causado pelo super-herói foi ainda maior porque ele possuía
uma revista só sua, enquanto a Tempestade fazia parte do grupo de mutantes,
X-Men.
A diversidade cultural nas histórias em
quadrinhos, além de uma estratégia de marketing; pois abrange uma quantidade
maior de consumidores que buscam uma identificação nas histórias, é de grande
importância para a mudança do imaginário social. Crianças que crescem lendo
histórias em quadrinhos em que uma muçulmana é heroína possivelmente serão
adultos mais tolerantes em relação à diversidade cultural. (Bárbara Santos)
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