Por Rennan Ono
Em setembro não se falou de outra coisa dentro do
universo do Rap brasileiro. Líderes dos grupos nordestinos DDH e Chave Mestra,
Baco (Exu do Blues) e Diomedes Chinaski, respectivamente, lançaram, como um
feito histórico no Rap nativo, a música Sulicídio.
Com uma letra agressiva e polêmica, Sulicídio não poupa críticas à
centralização do movimento no eixo Rio/São Paulo. A dupla critica a
supervalorização da produção de Rap daquela região e o esquecimento do Rap
nordestino, que vive à margem do cenário nacional.
O som em questão chamou muita atenção, e não
somente dos amantes do Rap. Baco e Diomedes sofreram ataques de racismo e
xenofobia, sendo o último sustentado pelo estereótipo da falta d’água no sertão
e por comentários a respeito do sotaque da dupla.
Em entrevista concedida ao portal RND, os
rappers comentaram a dificuldade de alguns de aceitar o sotaque nordestino e vocabulário
popular, bem diferente do usado na região Sudeste.
- O Nordeste é
evitado acho que por vários motivos… Ainda vejo preconceito com o sotaque do nordestino,
com a forma diferente que a gente se porta, com as próprias gírias e o firmamento
cultural. A juventude nordestina cada vez mais tem virado um espelho do Sul e
Sudeste. Vejo os jovens perdendo a identidade do nordestino, copiam as gírias,
o jeito de rimar, as roupas e etc. Vejo isso como forma desesperada de ser
aceito pelo resto do país, mas ainda temos a resistência, os malucos que amam sua
cultura, que protegem sua terra e esses tão se tornando cada vez mais raros –
declarou Baco, o Exu do Blues.
Talvez seja por isso
que músicas como Sulicído sejam tão
importantes. A cultura brasileira ainda é centralizada nas regiões Sul e Sudeste
e os preconceitos ainda existem e estão escancarados. A luta não pode parar por
aí.
Confira abaixo Sulicído, que tem a produção de Mazili
e Sly:
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