domingo, 26 de fevereiro de 2017

Diversidade cultural ganha destaque no Oscar 2017

Descrição para cegos: cartazes publicitários dos filmes: "Lion: uma jornada para casa" no qual, em close, aparece a face de um jovem indiano e uma imagem em marca d’água de uma criança andando nos trilhos do trem; do filme “Um limite entre nós”, onde, em close, se destaca um casal negro abraçado sorrindo; de “Estrelas além do tempo” onde 3 mulheres negras aparecem caminhando para a frente em lugar onde está escrito no piso “NASA” e há um foguete sendo lançado ao fundo; e, por fim, o pôster de "Até o último homem" onde um soldado aparece carregando outro sobre os ombros.

Por Geovanna Adya

Um dos mais prestigiados prêmios do cinema mundial, o Oscar, ganha destaque em 2017 pelo ineditismo de suas indicações, recordes estabelecidos e diversidade cultural apontada nas obras nomeadas.

Oferecida pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas da Califórnia, Estados Unidos, a premiação, por vezes, é acusada pela crítica de favorecer o cinema norte-americano e as histórias que envolvam seus procedimentos culturais. Apesar de o comentário ser de cunho opinativo, é inegável a observação de certos padrões seguidos pela Academia.



Dentre as últimas 25 obras nomeadas ao prêmio de melhor filme nos últimos três anos, apenas três, uma a cada ano, abordavam diretamente cultura - no que concernem a religiões, etnias e nacionalidades - diferente da apresentada na maioria da população do país que, segundo dados do U.S. Census Bureau de 2014, corresponde a 62,2% de pessoas brancas . No quesito gênero, a população é bem equilibrada com cerca de 50% de homens, bem como de mulheres.
Nessa perspectiva, percebe-se uma limitação da presença de outras culturas no Oscar. A premiação de 2014 nomeou o filme vencedor 12 Anos de Escravidão, obra histórica e baseada em uma autobiografia homônima de um homem negro livre que foi sequestrado e vendido como escravo. Em 2015, Selma foi indicado fazendo referência à história de Martin Luther King e, no ano passado, entre os nomeados estava o filme Brooklyn, cujo foco é uma imigrante irlandesa.
Exceto os supracitados, as últimas premiações mostravam filmes com muitos atores brancos e que se passavam nos Estados Unidos. Por esse motivo, o Oscar de 2017 se difere dos demais.
Dos nove filmes indicados esse ano, três envolvem elenco com protagonistas negros que contam histórias baseadas em fatos reais ou não: Moonlight: Sob a Luz do Luar, Estrelas Além do Tempo e Um Limite Entre Nós. Com isso, o número de indicados a melhores ator e atriz, protagonistas ou coadjuvantes, estabeleceu um novo recorde para o evento, sendo seis ao todo e havendo negros indicados em todas as categorias de atuação. Além disso, é a primeira vez que três negras concorrem em uma única categoria e que negros concorrem à edição e direção com Joi McMillon e Barry Jenkins, respectivamente, ambos pelo filme Moonlight: Sob a Luz do Luar.
Outros aspectos culturais também ganharam espaço na premiação. O filme Estrelas Além do Tempo traz a histórias de três importantes mulheres que trabalharam na Nasa durante a guerra fria, Lion: uma Jornada Para Casa conta o caso de um indiano, Saroo (Dev Patel), que ao se perder, é adotado por uma família australiana. Por fim, a obra Até o Último Homem, de Mel Gibson, aborda a fé, no caso o cristianismo, que é um ponto visceral na cultura de inúmeros povos.
Com a diversidade cultural abordada na 89ª edição do Oscar, a arte e o público foram os maiores vencedores.

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