Descrição para cegos: cartazes
publicitários dos filmes: "Lion:
uma jornada para casa" no qual, em close, aparece a face de um jovem
indiano e uma imagem em marca d’água de uma criança andando nos trilhos do trem; do filme “Um limite entre nós”, onde, em close, se
destaca um casal negro abraçado sorrindo; de “Estrelas
além do tempo” onde 3 mulheres negras aparecem caminhando para a frente em
lugar onde está escrito no piso “NASA” e há um foguete sendo lançado ao fundo; e,
por fim, o pôster de "Até o último homem" onde um soldado aparece carregando outro sobre os ombros.
Por Geovanna Adya
Um dos mais prestigiados prêmios do cinema mundial, o Oscar,
ganha destaque em 2017 pelo ineditismo de suas indicações, recordes
estabelecidos e diversidade cultural apontada nas obras nomeadas.
Oferecida pela Academia de Artes e
Ciências Cinematográficas da Califórnia, Estados Unidos, a premiação, por vezes, é
acusada pela crítica de favorecer o cinema norte-americano e as histórias que
envolvam seus procedimentos culturais. Apesar de o comentário ser de cunho
opinativo, é inegável a observação de certos padrões seguidos pela Academia.
Dentre as últimas 25 obras nomeadas ao prêmio de melhor filme nos últimos três anos, apenas três, uma a cada ano, abordavam diretamente cultura - no que concernem a religiões, etnias e nacionalidades - diferente da apresentada na maioria da população do país que, segundo dados do U.S. Census Bureau de 2014, corresponde a 62,2% de pessoas brancas . No quesito gênero, a população é bem equilibrada com cerca de 50% de homens, bem como de mulheres.
Nessa
perspectiva, percebe-se uma limitação da presença de outras culturas no Oscar.
A premiação de 2014 nomeou o filme vencedor 12 Anos de Escravidão, obra histórica e baseada em uma
autobiografia homônima de um homem negro livre que foi sequestrado e vendido
como escravo. Em 2015, Selma foi
indicado fazendo referência à história de Martin Luther King e, no ano passado,
entre os nomeados estava o filme Brooklyn, cujo foco é uma imigrante irlandesa.
Exceto
os supracitados, as últimas premiações mostravam filmes com muitos atores
brancos e que se passavam nos Estados Unidos. Por esse motivo, o Oscar de 2017
se difere dos demais.
Dos
nove filmes indicados esse ano, três envolvem elenco com protagonistas negros
que contam histórias baseadas em fatos reais ou não: Moonlight: Sob a Luz do Luar, Estrelas
Além do Tempo e Um Limite Entre Nós.
Com isso, o número de indicados a melhores ator e atriz, protagonistas ou
coadjuvantes, estabeleceu um novo recorde para o evento, sendo seis ao todo e havendo
negros indicados em todas as categorias de atuação. Além disso, é a primeira
vez que três negras concorrem em uma única categoria e que negros concorrem à
edição e direção com Joi McMillon e Barry Jenkins, respectivamente, ambos pelo
filme Moonlight: Sob a Luz do Luar.
Outros
aspectos culturais também ganharam espaço na premiação. O filme Estrelas Além do Tempo traz a histórias
de três importantes mulheres que trabalharam na Nasa durante a guerra fria, Lion: uma Jornada Para Casa conta o
caso de um indiano, Saroo (Dev Patel), que ao se perder, é adotado por uma
família australiana. Por fim, a obra Até
o Último Homem, de Mel Gibson, aborda a fé, no caso o cristianismo, que é
um ponto visceral na cultura de inúmeros povos.
Com a
diversidade cultural abordada na 89ª edição do Oscar, a arte e o público foram
os maiores vencedores.
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