sábado, 27 de maio de 2017

O Troféu Gonzagão e o padre que é pop

Descrição para cegos: imagem do troféu Gonzagão que consiste em uma figura humana segurando uma sanfona e usando chapéu de cangaceiro. A estatueta se encontra sobre um pedestal cilíndrico. A lado da imagem lê-se: “Troféu Gonzagão – O Oscar da Música Nordestina”.
Por Jaqueline Lima

A nona edição do tradicional troféu Gonzagão foi realizada no dia 10 de maio, em Campina Grande. A premiação é uma das mais importantes do seguimento e antecede as festas juninas da cidade. Neste ano, o sanfoneiro Abdias do Acordeom (in memoriam) foi o grande homenageado da noite, além do grupo Quinteto Violado (completou 40 anos de existência) e o cantor Geraldo Azevedo.



Todavia, dois dentre os diversos homenageados desta edição chamaram atenção. O padre Fábio de Melo e o pianista e cantor português, Mário Moita (que veio pela primeira vez à Campina Grande) receberam a premiação que é entregue a artistas regionais.
Conhecido carinhosamente como o “Oscar” da cultura nordestina, o troféu premia artistas reconhecendo o seu talento, sua importância e contribuição histórica engrandecendo a cultura regional. O nome do troféu é uma homenagem ao artista Luiz Gonzaga, músico que levou e valorizou a cultura nordestina para o Brasil.
Com isso, surge o seguinte questionamento: como um padre que não é nordestino e não tem uma construção histórica de musicalidade da cultura nordestina em sua trajetória recebe essa premiação? Qual sua contribuição para a disseminação da cultura em uma dimensão nacional?
A presença recorrente do padre em vários anos na programação do São João como uma das principais atrações já contribui para descaracterizar a festa além de configurar uma musicalidade de mercado, visto que o padre em seu repertório mescla vários estilos além do religioso. Por isso, a entrega do Gonzagão a ele, além de ser inadequada para os princípios do troféu,  legitima essa descaracterização.

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