Por Jaqueline Lima
A
nona edição do tradicional troféu Gonzagão foi realizada no dia 10 de maio, em
Campina Grande. A premiação é uma das mais importantes do seguimento e antecede
as festas juninas da cidade. Neste ano, o sanfoneiro Abdias do Acordeom (in
memoriam) foi o grande homenageado da noite, além do grupo Quinteto Violado
(completou 40 anos de existência) e o cantor Geraldo Azevedo.
Todavia, dois dentre os diversos homenageados desta edição chamaram atenção. O padre Fábio de Melo e o pianista e cantor português, Mário Moita (que veio pela primeira vez à Campina Grande) receberam a premiação que é entregue a artistas regionais.
Conhecido
carinhosamente como o “Oscar” da cultura nordestina, o troféu premia artistas reconhecendo
o seu talento, sua importância e contribuição histórica engrandecendo a cultura
regional. O nome do troféu é uma homenagem ao artista Luiz Gonzaga, músico que
levou e valorizou a cultura nordestina para o Brasil.
Com
isso, surge o seguinte questionamento: como um padre que não é nordestino e não
tem uma construção histórica de musicalidade da cultura nordestina em sua
trajetória recebe essa premiação? Qual sua contribuição para a disseminação da
cultura em uma dimensão nacional?
A
presença recorrente do padre em vários anos na programação do São João como uma
das principais atrações já contribui para descaracterizar a festa além de
configurar uma musicalidade de mercado, visto que o padre em seu repertório
mescla vários estilos além do religioso. Por isso, a entrega do Gonzagão a ele,
além de ser inadequada para os princípios do troféu, legitima essa descaracterização.
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