domingo, 12 de maio de 2019

Cortes nas universidades

Descrição para cego: Na foto vários estudantes com cartazes escritos: Balbúrdia é o governo Bolsonaro. Fora Bolsonaro. / Fonte: Edson Chagas/Mídia Ninja

Mayara Dantas
Desde que o governo de Bolsonaro assumiu a presidência do Brasil, o Ministério da Educação vem se envolvendo em grandes polêmicas. A mais recente, trata-se do anúncio de corte em 30% de recursos em instituições de ensino superior público do país.
Em um discurso disfarçado de “justiça” o ministro da educação, Abraham Weintraub, alegou que é preciso respeitar “os pagadores de impostos”, definindo o bloqueio de 5,8 bilhões de reais do orçamento do MEC para as faculdades, onde o valor segundo o presidente Jair Bolsonaro será revertido para investimentos na educação básica. Em tempos de crise, volta a vigorar a ideia de que a universidade custa caro ‘demais’.
Seguindo essa lógica, algumas pessoas apoiaram tal discurso, mas essa reação já era previsível, pois quando se mostra o custo de um aluno de universidade pública para muitos que não passaram por ela, é de se ouvir: eu não quero pagar por isso.
No entanto, é preciso compreender que o custo universitário é alto em qualquer país, e por uma simples razão. As universidades federais e estaduais não financiam só a graduação, mas também são os grandes centros de pesquisa e tecnologia do Brasil.
Não há na história recente nenhum país desenvolvido cujo crescimento não tenha passado pela escolarização da população. Um bom exemplo é a Coreia do Sul, onde 69,8% dos jovens entre 24 e 35 anos possuem um diploma de ensino superior. Pobre e devastado pela guerra, o país se tornou uma das potências do século XXI, em grande parte, graças à um investimento massivo em educação.
O mais triste é que está claro que o corte é baseado em empirismo e perseguição e não é assim que se define política pública, não é assim que se norteia como vai se direcionar recursos públicos. Está faltando ao Ministério da Educação dizer algo que vá além de retaliação e perseguição, por exemplo, de uma demonização de cursos das áreas de humanas.
Fica claro o despreparo do atual governo para avaliar a produção acadêmica e ver o quanto a universidade pública evoluiu ao longo dos anos. Porém, essas questões não parecem preocupá-los, que além de lutar contra espantalhos como ‘ideologia de gênero’ e ‘doutrinação marxista’, defendem a volta de métodos arcaicos de alfabetização.
Encerro este artigo com o pensamento de João Carlos Salles, vice-presidente da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior), e também reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA). “O ensino superior é patrimônio de todos, ele não pode ser contraposto com a educação básica: não há educação de qualidade sem professores de qualidade. A sobrevida da universidade é fundamental para o desenvolvimento da sociedade como um todo”.

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