Descrição para cego: Na foto vários estudantes com cartazes escritos: Balbúrdia é o governo Bolsonaro. Fora Bolsonaro. / Fonte: Edson Chagas/Mídia Ninja |
Mayara
Dantas
Desde
que o governo de Bolsonaro assumiu a presidência do Brasil, o
Ministério da Educação vem se envolvendo em grandes polêmicas. A
mais recente, trata-se do anúncio de corte em 30% de recursos em instituições de ensino superior público do país.
Em
um discurso disfarçado de “justiça” o ministro da educação, Abraham Weintraub, alegou
que é preciso respeitar “os pagadores de impostos”, definindo o
bloqueio de 5,8 bilhões de reais do orçamento do MEC para as
faculdades, onde o valor segundo o presidente Jair Bolsonaro será
revertido para investimentos na educação básica. Em tempos de
crise, volta a vigorar a ideia de que a universidade custa caro
‘demais’.
Seguindo
essa lógica, algumas pessoas apoiaram tal discurso, mas essa reação
já era previsível, pois quando se mostra o custo de um aluno de
universidade pública para muitos que não passaram por ela, é de se ouvir: eu não
quero pagar por isso.
No
entanto, é preciso compreender que o custo universitário é alto em
qualquer país, e por uma simples razão. As universidades federais e
estaduais não financiam só a graduação, mas também são os
grandes centros de pesquisa e tecnologia do Brasil.
Não
há na história recente nenhum país desenvolvido cujo crescimento
não tenha passado pela escolarização da população. Um bom
exemplo é a Coreia do Sul, onde 69,8% dos jovens entre 24 e 35 anos
possuem um diploma de ensino superior. Pobre e devastado pela guerra,
o país se tornou uma das potências do século XXI, em grande parte,
graças à um investimento massivo em educação.
O
mais triste é que está claro que o corte é baseado em empirismo e perseguição e
não é assim que se define política pública, não é assim que se
norteia como vai se direcionar recursos públicos. Está faltando ao
Ministério da Educação dizer algo que vá além
de retaliação e perseguição, por exemplo, de uma demonização de cursos das
áreas de humanas.
Fica
claro o despreparo do atual governo para avaliar a produção acadêmica e ver o
quanto a universidade pública evoluiu ao longo dos anos. Porém,
essas questões não parecem preocupá-los, que além de
lutar contra espantalhos como ‘ideologia de gênero’ e
‘doutrinação marxista’, defendem a volta de métodos arcaicos de
alfabetização.
Encerro
este artigo com o pensamento de João Carlos Salles, vice-presidente
da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições
Federais de Ensino Superior), e também reitor da Universidade
Federal da Bahia (UFBA). “O ensino superior é patrimônio de
todos, ele não pode ser contraposto com a educação básica: não
há educação de qualidade sem professores de qualidade. A sobrevida
da universidade é fundamental para o desenvolvimento da sociedade
como um todo”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário será publicado em breve.