Descrição para cegos: Imagem de Rossandro Klinjey de frente, usando óculos, e camisa pólo escura. |
Por Natália Mélo
Palestrante, escritor, consultor, psicólogo e professor
universitário Rossandro Klinjey nos faz uma reflexão sobre a importância de
continuarmos acreditando na educação para superar tempos de crise e como os
professores sempre serão os grandes heróis da nossa da sociedade.
Rossandro como
entender educação de qualidade para a formação de cidadãos responsáveis
socialmente?
Quando você pensa em educação de qualidade como a que
proporciona ao aluno a capacidade dele ter bons resultados em avaliações da
escola, em seleções do Brasil e ou do exterior você estará focando a formação
cognitiva esquecendo de uma competência extremamente importante a emocional. O
aluno pressionado em dar boas notas como resultado estudando, nas melhores
escolas, se mostrando como grandes gênios, mas se o emocional não é trabalhado
em conjunto, acabamos por ver inúmeros casos desses em que o estudante é
destaque, até ganhar uma olimpíada de matemática e terminado um namoro não
suportam e tira a própria vida. Se a escola não consegue desenvolver o aluno em
seus plenos potenciais inclusive emocionais, ela não oferece educação de
qualidade.
Para que a educação
plena, unindo a formação cognitiva, racional aconteça aliada a emocional a
família é parte fundamental ou a escola, mesmo sem ajuda familiar pode fazer
este papel?
A escola consegue sim ter papel forte em uma formação
completa, formar um indivíduo mais forte emocionalmente, consciente de si, de
seu papel, mas a família é parte importante nesse processo, que não deveria
deixar só a cargo da escola. É como um efeito dominó, se você não cumpre a sua
etapa, irá interferir na próxima. Mas, existem escolas que tem percebido estas
fragilidades e tem buscado contribuir nesta formação, buscando preencher esta
lacuna, que por mais não venha a substituir o papel da família, que vive um
momento de falência, gerando pessoas mimadas, incapazes de ouvir um não, sem
limites, sem regra nenhuma, acabam por acolher esta criança, este jovem.
Que ações você pode
destacar que são realizadas no intuito de suprir as lacunas da formação
familiar?
Muitas escolas estão cansadas de lutar contra os pais e tem
partido para os ajudar com propostas da escola da família, trabalhando
materiais em sala de desenvolvimento emocional, como resiliência, superação,
empatia. Requisitos que deveriam vir de casa, mas como as famílias não tem
feito, as escolas começaram a fazer. Mas, em sua maior e isso é muito bom, não
confrontando com esses pais e sim os chamando a trabalharem junto. Não podemos
esquecer de que Educação com Família é formação integral do ser humano social.
Como você tem
percebido a atual geração de estudantes?
Percebo uma boa parcela de estudantes angustiados com notas,
faltosos, entrando em depressão por não corresponderem expectativas, entrando
em processo de comparação muito grande uns com outros e esquecendo os
verdadeiros objetivos da educação que é a formação completa do indivíduo. Esse
comportamento é extremamente doloso para o adulto em formação. Por mais que
vivamos em sociedade que mede as pessoas pelos números, isso não é em
totalidade o que somos.
O que especialista
alertam sobre a ausência da família na formação do indivíduo?
Todos os índices, todas as pesquisas no mundo, a respeito
disso, mostram que a participação da família é condição cinequanon, sem a qual
todo o resto é comprometida. As escolas precisam atrair a família, não só para
dar carão, mas para integrá-lo, perguntando em que pode ajudar.
Mas, para a escola
poder contribuir a este ponto, você acha que os professores têm recebido
respeito suficiente para serem ouvidos?
Realmente, o respeito ao professor em sala de aula precisa
acontecer, isso é inegável, se a visão que se tem desses profissionais não for
revista no Brasil, e estes não forem tratados com a dignidade que merecem, e
sim como meros servidores, prestadores de serviço, também não vai funcionar a
educação como instrumento de transformação social.
Uma vez a escola não
conseguindo trazer a família para perto do processo educacional, e esta
disseminar discursos de preconceito e ódio, existe a possibilidade do professor
ser uma agente de conscientização ou será entregar os pontos?
É importante que o educador não desista, ele poderá ser
capaz de ser uma espécie de herói para este jovem e mudar, influenciar ou até
mesmo leva-lo a reflexão. Imagine só este jovem bombardeado de falas
preconceituosas, machistas e de outras quaisquer formas de pensar extremamente
equivocadas sem um contra ponto, alguém que o fale que o pensamento não é bem
assim e que é necessário ponderar. O Educador não pode de maneira alguma ver a
limitação e pensar que não problema dele também e fechar os olhos. Isso seria
um segundo ato de omissão com esse ser em formação. O primeiro a família lhe
nega a capacidade de ser um ser respeitoso em sociedade, cidadão em sua mais
profunda acepção e depois a escola? Não se deve ter na cabeça que se tem a
missão de salvara todos, porém de dar a oportunidade dele conhecendo um contraponto
e os impactos de sua visão distorcida, entender que o que ele pensa gera danos
aos outros, por vezes irreversíveis.
Que mensagem você
diria a um professor em sala de aula cansado de lutar em tempos como o nosso?
Uma das coisas que mais alegra a um educador é encontrar os
seus alunos lá na frente e ver como ele foi uma influência importante para
aquele aluno. As vezes nem foi o conteúdo passado, mas a maneira com que se
entrou a atividade, uma única fala, que para quem disse não tem importância, mas
gerou todo um redirecionamento de vida. Muitas das vezes nem percebemos o
quanto nossos alunos esperam de nós a última oportunidade de serem observados,
respeitados, impulsionados a algo. Independentemente do que se crie lá fora,
quando se fecha a porta da sala, agora é só você e seus alunos, a possibilidade
de construir seres melhores está na sua mão.
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