segunda-feira, 20 de maio de 2019

Pista de maratona na UFPB

Descrição para cegos: foto com uma placa com a frase” Atendimento Educacional Especializado” pregado em porta fechada, sobreposta por grande igualmente fechada / Foto: Natália Mélo


Por Natália Mélo

       Qualquer pessoa comum ao andar pelos corredores da Universidade Federal da Paraíba imaginará que é basicamente simples percorrer os espaços, protegendo-se de pequenos atropelos, que por descuido, dedicação maior ao celular, ou mesmo, uma boa conversa, podem causar uma torção de tornozelo, uma tropicada que gerará risada e /ou vergonha.
       Mas para 890 estudantes da Instituição não é bem assim, são deficientes de visão, locomoção, cognição, entre outras deficiências,   que sentem no ato de irem à sala de aula, um verdadeiro jogo, quase uma luta, com obstáculos, e inimigos à frente, isso mesmo, inimigos. A estrutura de precária acessibilidade ganha requintes de crueldade com ciclistas e motociclistas estacionados ou em curso pelas passarelas, cadeiras abandonadas nas portas de sala, que junto às grades sem trava, balançam ao sabor do vento virando desafios.
      Tudo isso, sem falar de prédio com fosso para elevador, sem o equipamento instalado, ausência total de piso tátil, legenda em braile nas portas, reserva para cadeirantes nas salas, barras de apoio nos banheiros e nas escadarias. Temos discentes e docentes de todas as idades que também precisam desse tipo de apoio.
      Sem investimento federal e urbanismo, isso mesmo, nunca ouviu falar neste termo?  A falta de sua prática tem feito da já dura vida acadêmica, um campo guerra. De investimento você já deve entender, a final, são 39 obras paradas só no campus I, em João Pessoa, são 60 ao total, com as mais diversas razões para assim estarem, desde de falta de verba à legislação que mudou para construção e acessibilidade, obrigando a mudança de projeto.
      Já Urbanidade, por definição do famoso dicionário Aurélio, “é a condição de ser urbano, conjunto de formalidades e procedimentos que demonstram boas maneiras e respeito entre os cidadãos; afabilidade, civilidade, cortesia” ainda acrescentaria respeito ao direito alheio.
Edjânio  Marques, estudante de jornalismo da Federal, como deficiente em sua locomoção, sente invisível , segundo ele, desde seu ingresso, todos os períodos briga pelo direito de ter aulas em salas térreas. “ A universidade está perdendo uma excelente oportunidade de mostrar um trabalho voltado para o deficiente, de ser vanguardista, de ser a primeira Universidade que viu a diferença das pessoas em um mundo tão desigual” diz o estudante.
      O mais impressionante, é que a qualidade de uma Universidade é ser universal, diverso, convergente. Na prática, com menos 30% em investimento, chegaremos a ser?

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