Descrição para cegos: foto com uma placa com a frase” Atendimento Educacional Especializado” pregado em porta fechada, sobreposta por grande igualmente fechada / Foto: Natália Mélo |
Por Natália Mélo
Qualquer
pessoa comum ao andar pelos corredores da Universidade Federal da Paraíba imaginará
que é basicamente simples percorrer os espaços, protegendo-se de pequenos
atropelos, que por descuido, dedicação maior ao celular, ou mesmo, uma boa
conversa, podem causar uma torção de tornozelo, uma tropicada que gerará risada
e /ou vergonha.
Mas para 890
estudantes da Instituição não é bem assim, são deficientes de visão, locomoção,
cognição, entre outras deficiências,
que sentem no ato de irem à sala de aula, um verdadeiro jogo, quase uma
luta, com obstáculos, e inimigos à frente, isso mesmo, inimigos. A estrutura de
precária acessibilidade ganha requintes de crueldade com ciclistas e
motociclistas estacionados ou em curso pelas passarelas, cadeiras abandonadas
nas portas de sala, que junto às grades sem trava, balançam ao sabor do vento
virando desafios.
Tudo isso,
sem falar de prédio com fosso para elevador, sem o equipamento instalado,
ausência total de piso tátil, legenda em braile nas portas, reserva para
cadeirantes nas salas, barras de apoio nos banheiros e nas escadarias. Temos
discentes e docentes de todas as idades que também precisam desse tipo de
apoio.
Sem
investimento federal e urbanismo, isso mesmo, nunca ouviu falar neste
termo? A falta de sua prática tem feito
da já dura vida acadêmica, um campo guerra. De investimento você já deve
entender, a final, são 39 obras paradas só no campus I, em João Pessoa, são 60
ao total, com as mais diversas razões para assim estarem, desde de falta de
verba à legislação que mudou para construção e acessibilidade, obrigando a
mudança de projeto.
Já
Urbanidade, por definição do famoso dicionário Aurélio, “é a condição de ser
urbano, conjunto de formalidades e procedimentos que demonstram boas maneiras e
respeito entre os cidadãos; afabilidade, civilidade, cortesia” ainda acrescentaria
respeito ao direito alheio.
Edjânio Marques, estudante de jornalismo da Federal,
como deficiente em sua locomoção, sente invisível , segundo ele, desde seu
ingresso, todos os períodos briga pelo direito de ter aulas em salas térreas. “
A universidade está perdendo uma excelente oportunidade de mostrar um trabalho
voltado para o deficiente, de ser vanguardista, de ser a primeira Universidade
que viu a diferença das pessoas em um mundo tão desigual” diz o estudante.
O mais
impressionante, é que a qualidade de uma Universidade é ser universal, diverso,
convergente. Na prática, com menos 30% em investimento, chegaremos a ser?
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